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Opinião pra quê?

Por qual motivo compartilhamos nossa opinião a respeito de algo?

Já se perguntou qual o seu real motivo por trás de compartilhar a sua opinião em algum momento? O que te levou a falar o que você pensa a respeito disso nesse contexto, com essas pessoas?

Responder essa pergunta requer uma investigação um pouco mais profunda, pois raramente as primeiras respostas que vem à mente são o real motivo.

Todo comportamento e toda fala tem um motivo por trás, senão eles não existiriam. Essa é uma das premissas dessa autoinvestigação. “Porque eu quis compartilhar” é uma resposta superficial de quem está evitando mergulhar mais fundo… De quem está fugindo de si mesmo.

Para enxergarmos a verdade precisamos nos desprender do nosso ego e ancorar humildade e disposição para sustentar qualquer desconforto a respeito do que vamos enxergar sobre nós mesmos. Nesses autoquestionamentos é comum enxergarmos nossas distorções, nossos egoísmos, nossa imaturidade, nossa inconsciência, nossas dores…

Já parou para pensar quantas vezes falamos alguma coisa que causa discórdia e conflito apenas como um pretexto para descontarmos emoções reprimidas que carregamos e não temos a menor consciência disso? O famoso descarrego emocional.

Quando algo nos incomoda, precisamos aprender a acolher nossas dores e a gerenciar nossos gatilhos emocionais para não virarmos grandes descarregadores emocionais por aí escalonando conflitos por onde passamos. Depois que nos acolhemos e refletimos, muitas vezes a necessidade de levar qualquer coisa para o outro perde o sentido. Ou, se ainda tem sentido, é colocado de um lugar de autorresponsabilidade e com disposição para ouvir e não para atacar e se defender.

Nesses momentos coletivos de tensão a respeito de política, grande parte dos conflitos e das agressões seriam evitadas se as pessoas estivessem realmente cultivando e implicando sua autoconsciência e gestão emocional. Elas entenderiam que sua reatividade é sobre o que elas carregam dentro de si e não sobre a opinião do outro.

Encararmos nossas sombras requer um grande desprendimento a respeito de quem achávamos que éramos antes de enxergá-las. Requer uma posição de neutralidade para combater o autojulgamento. Quando realmente compreendemos, para além da mente, que não somos o que achamos que somos, e que qualquer autodefinição nos limita, nos abrimos para começar o real processo de libertação.

As terapias nos ajudam nesse processo de nos questionarmos para acessarmos as nossas verdades, desfazendo as ilusões. Esse processo é desconfortável! Solte qualquer expectativa de que terapia é um processo legal e gostoso. O lance é que, a partir da sustentação desse desconforto, de nos encararmos através do espelho da vida, vamos nos reconectando com a nossa essência e nos despindo das máscaras que vestimos em busca de aceitação e amor.

Por isso que, normalmente, o gatilho para buscar terapia vem de um desconforto extremo. Naquele momento o desconforto do momento presente supera o possível desconforto que a pessoa terá que enfrentar no processo terapêutico, e ela toma a decisão de encarar a terapia com a expectativa de que trará um benefício em termos de aumento de bem-estar. Reforço que esse aumento de bem-estar normalmente vem no médio/longo prazo e não de forma imediata.

Terapia requer comprometimento e consistência para acessar patamares sustentáveis de bem-estar.

Se você quer realmente sentir satisfação e realização a respeito de si e da sua vida, eu te pergunto: Você tem disposição para mergulhar fundo e desconstruir sua autoimagem? Você tem disposição para curar a origem das suas dores e aprender a se comunicar de outras formas? Autoconhecimento requer uma decisão consciente e firme. Se não houver disposição de sustentação dos processos, estamos apenas nos enganando em busca de um resultado que vai nos levar a nos livrarmos da terapia porque ela cumpriu o seu papel de eliminar o desconforto.

Faz sentido para você?

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