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Será que conflitos são tão ruins assim?

Na minha percepção nossa maior dificuldade nos relacionamentos está em lidar com os conflitos, seja no âmbito pessoal ou profissional.

Você já parou para se analisar e observar o seu próprio comportamento diante dos conflitos? Você tem consciência de como você age e reage dentro deles?

Eu lembro quando comecei a faculdade de Counselling na Austrália e no primeiro trimestre eu tive uma matéria de Gestão de Conflitos. Fazia parte da grade do curso escrevermos trabalhos aplicando as teorias à nossa própria vida em forma de autoanálise. Aquela tarefa expandiu absurdamente a minha consciência a respeito de como eu me comportava dentro dos conflitos. Foi bastante revelador!

Lembro de sentir vergonha e culpa num primeiro momento, quando enxerguei as estratégias inconscientes que eu utilizava de manipulação, como eu me fazia de vítima e queria dar o troco de forma passivo-agressiva, a forma como eu atacava o outro por conta das minhas dores, o quanto eu deixava de expressar os meus incômodos no dia a dia e eles se acumulavam e explodiam na hora dos conflitos, etc.

A maioria de nós não tem nem consciência que na hora dos conflitos o que acontece muito frequentemente, e que faz com que eles escalonem, é que nós possuímos gatilhos emocionais que acionam dores do passado, principalmente da nossa infância. Isso faz com que nossa resposta dentro dos conflitos seja desproporcional ao que realmente está acontecendo.

Imagina o seguinte exemplo: você teve um pai ou uma mãe muito críticos na infância, que frequentemente apontavam o que você fazia errado e raramente elogiavam o que você fazia certo. Agora imagina você adulto tendo uma pessoa de chefe no trabalho que faz a mesma coisa. A pessoa te critica muito e raramente te elogia. Muito provavelmente você terá gatilhos de raiva e, numa camada mais profunda, a tristeza pela falta de reconhecimento. E crenças profundas de se achar insuficiente e incapaz. Muito frequentemente essas dores levam a uma busca desenfreada por aprovação externa, perfeccionismo e autocobrança. Um combo clássico que grande parte dos meus clientes apresentam na terapia como algo que os desgasta muito emocionalmente.

Quando deixamos de buscar ferramentas para aprender a gerenciar as nossas emoções e apoio terapêutico para lidar com nossos traumas de infância, nós acabamos revivendosituações parecidas, descontando nossas dores injustamente nas pessoas ao nosso redor e deteriorando nossas relações.

Esse é um grande fator que leva ao término dos relacionamentos e a pular de trabalho em trabalho. Quando fica difícil, é só se afastar ou fugir. É mais fácil do que ter que lidar com as nossas dores. No entanto, essa postura de fuga nos mantém estagnados revivendo as mesmas situações em diferentes momentos da nossa vida.

Podemos encarar os conflitos como um meio de crescimento pessoal. Percebendo o que ainda precisa de acolhimento e liberação dentro de nós.

Me ajuda muito contar os meus conflitos para alguém que saiba ouvir de forma dissociada e ter o apoio dessa pessoa para questionar os meus comportamentos e perceber o que poderia mudar ou ser diferente e o que ainda dói em mim. A partir dessa tomada de consciência, eu ganho clareza para escolher como agir nas próximas vezes e percebo o que precisa ser acolhido dentro de mim para curar as minhas dores.

Meu convite é: que tal se ao invés de fugir dos conflitos ou considerá-los totalmente negativos você passasse a olhar para as oportunidades de crescimento, cura e expansão que eles trazem? Faz sentido pra você?

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