A empatia vem sendo majoritariamente defendida e colocada como uma qualidade incrível que deve ser estimulada e desenvolvida em todos os seres humanos.
Ela normalmente é definida como a habilidade de se colocar no lugar do outro, de imaginar o que sentiríamos caso estivéssemos vivendo a mesma situação daquela outra pessoa.
Vejo a empatia como uma possibilidade de desenvolvermos a compaixão. Assim, podemos nos conectar com a nossa dor de forma a acessarmos a vontade de contribuir com a minimização da dor do outro.
No entanto, vale observar que somos frequentemente manipulados através da empatia para apoiarmos decisões que envolvem imposição, retaliações e represálias. A causa do sofrimento de um grupo ou indivíduo é atribuída a outro grupo ou indivíduo, de forma a incitar revolta para obter apoio.
Dessa forma, a empatia pode afetar o nosso julgamento fazendo com que queiramos punir alguém pelo sofrimento de outro alguém, se tornando extremamente perigosa quando estamos inconscientes.
O psicólogo Paul Bloom, escritor do livro “Contra a empatia: por uma compaixão racional”, alerta para os perigos do uso moral da empatia e se coloca favorável ao desenvolvimento da compaixão racional, que envolve uma observação externa aliada ao sentir algo pelo outro de forma a cuidar e desejar o seu bem-estar.
Já se viu nesse uso distorcido de sentir a dor e querer punir ou machucar alguém que identificamos como culpado? Mesmo que essa punição seja algo sutil, como ignorar a pessoa?
Deixo a reflexão: o que podemos fazer para desenvolvermos cada vez mais compaixão enquanto humanos, deixando de lado o julgamento que vem da nossa própria dor?