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Cultura tóxica

Não basta oferecer benefícios incríveis e cuidados com a saúde mental se a cultura da empresa é tóxica. Muitas vezes os pacotes de benefícios aparecem como uma vitrine de “boa empresa para se trabalhar”.

O que realmente importa e impacta de forma profunda a saúde mental dos colaboradores é o dia a dia de trabalho e a cultura da empresa. Vou considerar aqui alguns pontos de uma cultura tóxica, na minha visão, além de alguns fatores essenciais para promover uma transformação cultural efetiva.

Vou citar aqui alguns exemplos que, na minha visão, se apresentam como pontos de atenção de culturas tóxicas:

  • Excesso de burocracia que dificulta a realização do trabalho
  • Liderança controladora, que não confia nos colaboradores e realiza microgerenciamento
  • Falta de investimento e apoio para o desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas
  • Atividades mal distribuídas ou geridas, gerando sobrecarga de alguns e tempo livre em excesso para outros
  • Demandas surreais para atender a egos e jogos políticos e que não contribuem de fato para resultados eficazes e melhoria do negócio
  • Concentração de informação nas lideranças e falta de transparência com os colaboradores
  • Permissividade com comportamentos agressivos e preconceituosos
  • Incentivo à competitividade e comparação através de programas de desempenho e incentivo que estimulam essa energia
  • Escolha de pessoas para cargos de gestão exclusivamente com base em conhecimento técnico e/ou questões políticas
  • Ausência de programas de capacitação e desenvolvimento para pessoas que assumem posições de gestão
  • Rigidez e inflexibilidade sem necessidade com prazos, locais e horários de trabalho
  • Normalização de fofoca e falar mal dos outros
  • Decisões unilaterais que desconsidera as vozes de quem vai executar as demandas
  • Ameaças e comportamentos impositivos que obrigam as pessoas a executarem demandas das quais elas discordam e agridem os valores pessoais delas
  • Normalização e incentivo de reuniões e ligações de trabalho fora do horário de trabalho, desrespeitando limites e vida pessoal

Mas afinal, o que pode ser feito para mudar a cultura de uma empresa?

Na minha visão, o principal fator é haver uma intenção real de mudança de pessoas de dentro da organização que consigam causar impacto e sustentar os processos ao longo do tempo, caso contrário não terá efetividade real.

O segundo fator é se predispor a ter conversas desagradáveis. Sem criar espaços estruturados para conversas que trazem luz para os incômodos e discordâncias, não há transformação real.

Terceiro é investir em desenvolvimento pessoal com ferramentas de comunicação, gestão emocional e autoconhecimento. Elas são essenciais para que as pessoas consigam sustentar as conversas desagradáveis que serão necessárias.

Quarto é compreender a essência do negócio e avaliar se as ações e objetivos de negócio estão condizentes com a essência.

Quinto é rever processos de negócio para que eles se adequem às necessidades de mudança que surgirem a partir das conversas e reflexões conduzidas.

Não é um trabalho simples nem rápido. Por isso acredito que:

SUSTENTAÇÃO é o fator mais importante ao pensarmos em transformação cultural.

Não acredito que seja um projeto com início, meio e fim bem definidos, mas sim como algo que leva tempo e que pode ser iniciado a partir de um projeto, mas que o sucesso vai se dar a partir da criação de uma estrutura de sustentação para se dar de forma efetiva ao longo do tempo.

Já passou por uma transformação cultural na sua empresa? Tem mais algum ponto que você observou e gostaria de contribuir com esse assunto? Vou adorar ouvir a sua percepção.

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